Como muitos de vocês já puderam assistir, no dia 28 de Abril nosso colaborador Hudson Coelho fez uma live em nosso Facebook para bater um papo bacana sobre a bioconstrução, já que o papo foi super legal, nós o convidamos novamente para fazer um panorama geral e sua visão sobre o tema. Se você ainda não assistiu, basta clicar aqui.

Bioconstruir é acima de tudo desconstruir a imagem de que o assunto se relaciona apenas àquelas casinhas simples do campo e que tudo o que foge à construção civil moderna é precário ou desprovido de beleza e segurança. É um tema que remonta às diversas técnicas utilizadas por milhares de anos e que envolve principalmente o uso dos recursos mais abundantes na região aonde será feita a construção.

O barro é o elemento mais presente e pode ser usado em quase todas as etapas, combinado com outros elementos de acordo com cada aplicação. É usado nas técnicas de pau a pique, taipa de pilão, adobe, super adobe, hiper adobe, cordwood e mesmo nos acabamentos, pinturas e em bioesculturas. Técnicas com madeira, bambu e pedras também são muito presentes e permitem combinações com aquelas que se utilizam do barro.

Complementar a essa etapa de subir as paredes, temos as opções de utilização de telhado verde, captação de águas da chuva, reaproveitamento das águas cinzas, biodigestor, círculo de bananeiras, energia eólica e solar, aquecedor solar, banheiro seco e mais outras de maior ou menor impacto de dependerão do gosto e espaço disponível no terreno.

A grande virada neste assunto vem acompanhada de movimentos crescentes de conscientização sobre a importância das práticas sustentáveis e da segurança trazida por anos de pesquisas contínuas e desenvolvimento de novas tecnologias que aperfeiçoam os possíveis pontos negativos.

Sendo as técnicas as mesmas já praticadas e as soluções agregadas trazidas em boa parte de conceitos utilizados nas construções urbanas atuais o que tem contribuído para o aumento destas práticas é a questão cultural aonde vemos uma aceitação maior e tendência de que essa adesão siga crescente, porém num percentual muito aquém do que poderia, ou deveria, ser alcançando diante da representatividade desta proposta em termos de soluções sustentáveis e qualidade de vida que um lar bioconstruído proporciona.

Via de regra a maioria das coisas que nos propomos fazer em vida não são difíceis, mas sim trabalhosas. Portanto, tão importante quanto a necessidade de termos cada vez mais arquitetos e engenheiros abraçando este tema e o aumento de profissionais capacitados para a execução, está a necessidade maior de desconstruir a visão de que uma casa é algo estático e sem vida. Mais do que isso, é necessário falar em construção de lares, pois na maioria dos casos é viável e saudável a participação dos futuros moradores em algumas das etapas da obra, que vão aos poucos imprimindo sua energia nos espaços que comporão este novo lar e perpetuando todo esforço e carinho aplicado naqueles momentos.

Bioconstruir é mais do que um conjunto de técnicas: é sabedoria, é autopreservação, é a   materialização do amor próprio, à natureza e às próximas gerações.

 

“Faça o que puder, com o que você tem, onde você está.”

 

                                                                                                                                                                      Hudson Coelho além de ser colaborador da Arquitetas Nômades, também acompanha e executa obras residenciais desde 2010, o foco principal é em construções com materiais sustentáveis. Nos últimos meses tem viajado pelo Brasil pesquisando e trocando experiências sobre as técnicas mais utilizadas nas bioconstruções.

 

crossmenu